A artista que vos apresento esta semana chama-se Kitty Mitchell, tem 32 anos e vive em Lawrence, no estado do Kansas (E.U.A.). Costumava trabalhar como gerente de departamento de uma empresa de produtos promocionais, mas abandonou esse emprego para participar num festival de marionetas para adultos, que teve bastante sucesso. Assim, decidiu dedicar-se a tempo inteiro a esta actividade e agora continua a trabalhar com marionetas, é actriz, cantora e tricota.
- Qual a origem do nome da tua loja?
O nome da minha loja vem do meu próprio nome: Kit (Kitty) Mit (Mitchell). Só depois de já vender as minhas peças há uns tempos é que alguém me chamaram à atenção que era apropriado, dado eu vender luvas ("mits", em inglês). Uma noite, enquanto bebia o que talvez fosse um copo ou dois a mais de vinho, eu e uns amigos decidimos pegar nas primeiras três letras dos nossos nomes mais as primeiras três letras dos nossos apelidos, junta-las e pronuncia-las como se fosse uma palavra só. Depois, criámos uma personagem para esse novo nome, que se inseria numa história imaginária. Nessa noite eu fui a KitMit, uma marota, mas bem intencionada criatura dos bosques. O nosso rei era o Frador (Frank D.), a Sarcla (Sarah C.) era a sua lacaia fiel e por aí fora.
- Como surgiu o teu interesse pelo artesanato?
A minha mãe ensinou-me a tricotar quando eu era muito nova e eu comecei a fazer um cachecol para o meu pai, no qual trabalhava um bocadinho todos os dias, mas nunca mais acabava. A minha mãe, por sua vez, fez-me umas quantas camisolas e um poncho com diferentes tipos de lã que, quando era lavado, encolhia de várias maneiras até que se tornou no mais engraçado cobertor sem forma. Isso foi uma lição que eu aprendi e uso agora: nunca misturar vários tipos de lã! Também tiveram a tentativa falhada de me por a fazer renda quando eu era adolescente. Uma nota para os adolescentes: não tentem fazer renda, são demasiado jovens para conseguir fazer bem esses bordados.
Não utilizei este conhecimento que tinha até há uns anos atrás, quando decidi explorar a internet e recomeçar esta actividade. Andava a participar numa produção de teatro infantil do Diário de Anne Frank e precisava de algo com que me entreter em viagem. E sempre adorei fazer coisas, tudo! Adorava fazer um circuito eléctrico, mas para isso teria de investir numa máquina de soldar ferro.
- Como é que te lembraste de criar este padrão original de luvas? Onde vais buscar inspiração para as tuas peças?
Normalmente inspiro-me em coisas pequenas. Formas e cores. Estava em digressão e queria fazer umas perneiras para usar nos hotéis, onde normalmente está muito frio. Cheguei ao fim e precisava de fazer alguma espécie de remate e lembrei-me do meu filme preferido quando era pequena: Xanadu. Isso mesmo, o clássico musical de 1980 com a Olivia Newton John, Michael Beck e o intemporal Gene Kelly. Era uma desafiadora história de amor sobre musas em patins ao som da música da Electric Light Orchestra. Foi, infelizmente, um fracasso, mas agora faz sucesso como musical da Broadway!
No filme há uma cena com modelos a posar para a capa de um álbum e uma das senhoras usa um top com três tubos enrolados à volta das partes mais íntimas. Tentei encontrar uma foto, mas não consegui. De qualquer das formas, esta imagem ficou-me na cabeça e decidi arranjar maneira de incorporar este top com três tubos como remate das minhas perneiras. Passado um tempo, fiz luvas para condizer com elas e poof!, estava criado o meu negócio!
- Qual é o teu material favorito para trabalhares?
ADORO lãs delicadas! Temos uma adorável loja de lãs aqui em Lawrence chamada Yarn Barn e eu fico em pulgas só de lá entrar. Neste momento ando a cobiçar uma bela lã de bambu e quero fazer um par de luvas com uma lã preta e castanha clara. O problema é que as lãs boas não se seguram bem. A estrutura deste padrão precisa de algo bastante substancial e que se segure bem, portanto, tendo a usar lã acrílica macia. Para um uso diário, é a única maneira possível. Desta maneira, as peças também podem ser facilmente lavadas.
- A loja ocupa grande parte do teu tempo livre? Como é a tua rotina diária?
Acordo, tricoto até me fartar, volto para a cama. Não tenho tido praticamente nenhuma vida social desde Setembro. Trabalho alguns turnos num café para ocupar o tempo livre quando tenho menos trabalho, mas até esses são cada vez mais raros. Na minha casa parece que dei uma chávena de café a uma criança de três anos e a pus a brincar com todos os fios, lãs e tecidos do mundo. Não sei quando é que vou voltar a ter uma vida :)
A Kitty ainda não tem um site só seu (embora esteja nos seus planos para 2008 criar um), mas podem encontrar as suas criações à venda na sua loja Etsy. Também tem as suas luvas à venda na Red Tree Gallery em Cincinnati, no estado do Ohio.
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